No programa Café Filosófico de 14 de Maio de 2010, a Psicanalista Hélia Borges analisou a saúde como capacidade de experimentar a vida em sua constante mutabilidade. A partir de diversas intervenções e produções das ciências no corpo, como podemos entendê-lo, ou melhor, com que olhar nos olhamos no espelho? Que corpo queremos? Com que práticas o conquistamos? Em que momentos pedimos a sua presença tão significativa e excitante? E, enfim, quais os seus limites?
O corpo tem sua história e por isso suas descontinuidades e deslocamentos. Pensemos no corpo como algo requerido e exigido pela nossa sociedade: onde as leis se aplicam ou se curva na ausência do corpo? As leis para serem aplicadas - para se punir - pede-se um corpo; onde a ciência se aplica ou se curva? A ciência necessita de um corpo para aplicar e ser aplicado por ela; Onde a comunicação existe e se volta além do corpo?
Não longe dessa problemática do corpo, a comunicação faz as suas honras de pesquisas. Onde o corpo se insere na mídia e a mídia nele? Que a comunicação seja o primeiro espaço de contra-investimento do poder no século XXI; que a mídia exerça um poder sobre os sujeitos: um assujeitamento através de uma veiculação dos processos científicos: o corpo é o alvo. Que fique a primeira pergunta: quais práticas midiatizadas contribuem para a constituição de corpos e estilos de vida díspares na contemporaneidade? O fim do século XX é o momento onde se desloca as práticas constitutivas do corpo, onde o espaço médico se deslocou para os espaços midiáticos - a confissão do paciente, a extorção da verdade pelo médico e a configuração dessa verdade como universal e pública; um espaço que se organizou em todo o desenrrolar do século XX.
Temos no fim do século XIX e XX, o aparecimento de um lugar bem delimitado e demarcado, onde a disperção está sob a ordem de um saber Jornalístico que é requisitado a todo o momento e que traz pra si toda a autonomia do saber: são os únicos a falarem desse espaço que se configura como mídia. A sociedade não é nada sem a mídia e a mídia não é nada sem a sociedade, dizem os amantes desse saber. Mas o que se percebe é a realidade se construindo lentamente: e o jornalista sádico finge que não sabe!Se o limiar deste corpo é o fim do século XVII, o da mídia é o fim do século XIX e início do século XX. A História, Sócrates e as betsas cientistas tem as suas parcelas de culpa: a objetividade, a verdade e a ordem da verdade.E quanto ao corpo? Por qual motivo ele é midiatizado? Aliás, por que apareceu neste espaço recortado pelo saber jornalístico somente após a metade do século XX? Enfim, por qual linha de poder-prazer o jornalista midiatiza essas práticas? Que a história, socrátes e a ciência tenha mais uma parcela de culpa: viva os estilos de vida!
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