Há uma enorme produção acadêmica referente à internet: seus espaços, suas possibilidades de veicular notícias, suas estruturas; enfim, estudos que discutem todo o deslocamento do processo de comunicação dentro do campo da comunicação. O mais importante não é tanto as conclusões, mas a problematização, a maneira de como os profissionais problematizam esse novo aparato tecnológico e seus usos frequentes que sucinta éticas e morais jornalísticas.
Me detenho, neste post, a respeito justamente deste novo aparelho tecnológico dentro dos limites da produção jornalística, mas mais especificamente dentro das maneiras de ser e de fazer jornalismo. Poderia, sem dúvidas, me deter apenas no deslocamento da noção de mídia e de suas novas técnicas culturais - noção discutida por Santaella e outros comentadores. No entanto, prefiro a comunicação - e a mídia como parte dessa comunicação ampla - pelo deslocamento nítido e pela proximidade.
Penso na hipótese de que a comunicação mudou e mudou drasticamente todos os olhares sobre ela: emissor e receptor já não dão conta das rupturas e dos escapes que os ciberespaços proporcionaram dentro da história da comunicação; nem mesmo a noções de "culturas das mídias" e "cibercultura" usadas pela Santaella. É necessário um olhar diferente para conseguir compreender estes processos, essas rupturas e deslocamentos que a internet proporciona. Acredito que as relações de poder, saber e sujeito descritas pelos pós-estruturalistas franceses são necessárias para perceber determinadas técnicas que apareceram e aparecem com o caminhar do desenvolvimento tecnológico comunicacional. Talvez a noção de "Sociedade de controle" do Deleuze seja mais produtiva e positiva do que "Culturas das mídias". Enfim, a comunicação muda assim como os olhares lançados a ela e não há um modelo melhor ou pior que rompe e salva a decadente era televisiva.
Ironia da internet: acreditar que nela está um modelo de salvação, para alguns, e o inferno, para outros.